Em memória de meu Pai, José Munhoz Frade (1919-2008)
sábado, 20 de abril de 2024
Todo o dia
Todo o dia
me lembrei de que naqueles dias
tinhas a fronte vincada
em profundas e verticais rugas
e que consternado me chamaste
junto aos teus joelhos e me falaste
do teu quase desespero, quase derrota final;
disseste-me que seguias por teus filhos
somente.
Hoje, meu pai, minha sólida âncora,
estão em mim as mesmas rugas
é a minha vez de não desistir.
Pai, lembro-me...
… de quando estivemos juntos no Recife, em Salvador da Bahia, em Belo Horizonte, em Brasília e no Rio de Janeiro. Levaste-me a conhecer todos esses lugares, do Brasil que tanto amaste.
Sei que o meu olhar exaltado sobre as amplas paisagens, sobre as ruas de traça colonial, sobre as arrojadas maravilhas arquitectónicas, não diferia muito do teu próprio. O teu era um olhar de encantamento, de amor incondicional. Tão irredutível que repetias o duvidoso slogan que nos levava a discordar: “Ame-o ou deixe-o!”
Mesmo quando eu ainda retinha a visão da miséria pernambucana e da repressão militar, não te contrariei, porque sabia que laços te envolviam, eternamente: o destino de emigrante dera-te uma filha dessa terra. Mesmo muito depois de retornares ao torrão natal, continuaste de longe a seguir os detalhes da vida desse grande País, que fizeste teu.
Quão fantástico seria repetirmos essa nossa viagem, abraçados num voo impossível, quão rica seria hoje a nossa conversa!
(19 de março de 2024)
terça-feira, 27 de outubro de 2020
terça-feira, 15 de julho de 2014
sexta-feira, 13 de junho de 2014
quinta-feira, 12 de junho de 2014
sábado, 7 de junho de 2014
segunda-feira, 2 de junho de 2014
CURRÍCULO
Currículo
do pai
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Local
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Ano (aprox.)
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Concluiu o Ensino Primário
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Arranhó
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1932?
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Admissão na Escola Industrial e Comercial João Vaz
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Setúbal
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1933
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Trabalha em escritório de torrefacção de café
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Setúbal
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c. 1933
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Fundação da “Munhoz, Lda.”
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Setúbal
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1935
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Vendedor da firma “Pires de Oliveira, Lda”
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Lisboa
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c. 1936?
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Criação e abate de suínos
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Arranhó
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Salsicharia e talho
|
Bucelas
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Matadouro Industrial (suínos e bovinos)
|
Arranhó
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Comercialização de enchidos
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para Aveiro
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Fornecimentos de carnes frescas a talhos
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Lisboa
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Exportação de fiambre
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para Angola
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Funda a “Sociedade União Recreativa Arranhoense”
|
Arranhó
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1939
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Funda o grupo musical “Os Bem Entendidos”
|
Arranhó
|
1941
|
Correspondente do Diário de Notícias
|
Arranhó
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1946
|
Motorista
|
Arranhó
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1947
|
Cortador
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Arranhó
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1948
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Proprietário de talhos (256 e 68)
|
Lisboa
|
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Criação da firma “Domingos Francisco Frade, Lda”
|
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1951
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Criação de firmas de construção civil (dois prédios)
|
Lisboa
|
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Emigrou para o Brasil
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1959
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Encarregado de restaurantes
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São Paulo - Brasil
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1960
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Proprietário de pensão
|
São Paulo - Brasil
|
1960
|
Transporte e fornecimento de carnes
|
São Paulo - Brasil
|
1961
|
Proprietário de garagem
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Santos - Brasil
|
1962
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Firma “Agropesca”
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Pelotas - Brasil
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1963-1970
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Proprietário de loja de ferragens (“Fermetaço”)
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Lisboa
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1971
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Proprietário de talho (“BALCAR”)
|
Setúbal
|
1972
|
Proprietário de quinta
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Azeitão
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1972
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Proprietário de sapataria (“Ilha Bela”)
|
Lisboa
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1973
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Seareiro de arroz
|
Alcácer do Sal
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?
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Acionista na Bolsa
|
Lisboa
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1973-4
|
Agente de seguros
|
Lisboa
|
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Direção da Associação dos Comerciantes de Carnes
|
Lisboa
|
1982
|
Firma de Import-Export
|
Lisboa
|
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Viticultor
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Quinta do Paço
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1986
|
O Olímpico
Em 13 de Novembro de 1963, a firma “Agropesca - Indústria de Produtos Agrícolas e Pescado, Ltda”, sediada em Pelotas, fez uma proposta de aquisição do barco “Olímpico” a um armador de Santos – “Vandenbrande & Companhia Limitada”.
Em 29 de Fevereiro de 1964, iniciou-se o pagamento da quantia acordada (Cr$ 15.000.000,00), por cheque visado emitido por José Munhoz Frade a favor de Julião Vandenbrande no valor de cinco milhões de cruzeiros.
Em 2 de Fevereiro de 1965, lavrou-se a escritura de venda e compra, tendo a respectiva transferência de propriedade sido publicada no Diário Oficial da União em 11/8/65.
O Olímpico efectuava a faina pesqueira preferencialmente em águas frias (por exemplo, na costa da Argentina), por arrastão, capturando principalmente a espécie “merluza”. Essa era a matéria prima da Agropesca, que a transformava em filetes que vendia, congelados, para todo o Brasil.
à proa (Porto Alegre, 28 de Julho de 1965) |
Foi submetido a adaptações e reparações várias, umas vezes no Porto de Pelotas, outras em estaleiros, como o de Porto Alegre e o do Rio de Janeiro (onde se realizou a derradeira, em Novembro de 1968).
Em 19 de Dezembro de 1968, o barco “Olímpico” sofreu um acidente de navegação, cuja comunicação oficial e relatório detalhado se transcrevem:
“Do: Comte. do Iate Nacional de Pesca
“Olímpico”
Ao: Ilmo. Sr. Capitão dos Portos do Estado
de São Paulo.
Assunto: Comunicação de Acidente.
Sirvo-me da presente para levar ao
conhecimento de Va. Sa. o acidente de navegação ocorrido com o iate nacional a motor
de pesca “Olímpico” sob meu comando, ocorrido no dia 19 do corrente por volta
das 23:30 horas nas proximidades do Farol da Moela.
Os detalhes do acidente constam da
comunicação cuja cópia fiel anexo ao presente, feita à autoridade policial
quando da minha chegada a este porto.
O mencionado iate é inscrito na Delegacia da
Capitania dos Portos do Estado do Rio Grande do Sul, em Pelotas sob o nº 801,
na classificação D-2-k e na propriedade da empresa AGROPESCA – INDÚSTRIA DE
PRODUÇÃO AGRÍCOLA E PESCA LIMITADA, sediada na cidade de Pelotas à Margem do
Rio São Gonçalo s/nº.
Informo ainda a Va. Sa. que por ocasião do
abandono do iate tive tempo de poder ainda trazer a documentação da embarcação
constante do rol de equipagem, cadernetas de inscrição da tripulação e
documentos de registro, termos de vistoria, licença de estação rádio, cartão de
lotação e passe de saída da Capitania do Rio de Janeiro de onde o iate
provinha.
Finalmente informo a Va. Sa. que do acidente
não há vítimas pessoais a lamentar eis que toda a guarnição, mercê de Deus,
salvou-se, encontrando-se alojada por especial deferência no Instituto de Pesca
M. Nascimento Jr. nesta cidade.
Outrossim, tendo em vista que nada mais me
foi possível recuperar, encontra-se a guarnição sem roupa a não ser aquela em
que vestia no momento do acidente, além de terem perdido suas economias e
objectos de uso pessoal, razão pela qual solicito respeitosamente a Va. Sa. a
colaboração do sentido de que, por rádio, seja encarecida a presença urgente
nesta cidade de um dos representantes da firma armadora, para a assistência
indispensável e o fornecimento de numerário para retorno da tripulação à cidade
de suas respectivas residências." (Nota: as folhas de pagamento e
vales para a tripulação foram liquidados por um representante da Firma,
conforme Recibo datado de 10 de Janeiro de 1969)
"Assim, na conformidade do que preceitua o
artº 33 da Lei 2.180, aguardarei as determinações de Va. Sa. para a abertura do
competente Inquérito, informando a Va. Sa. da impossibilidade de juntada de
cópia dos Diários de Navegação e Máquinas perdidos no acidente.
Santos, 23 de Dezembro de 1968
Domingos Di Luccia
Patrão de Pesca
Comte.”
(Fonte: arquivo pessoal)
Patrão de Pesca
Comte.”
(Fonte: arquivo pessoal)
“(…)
Dizem as testemunhas que estando o barco na
faina de pesca em alto mar, no dia 19 de dezembro de 1968, cerca das 23:30
horas, apresentou água aberta, a qual provinha do túnel do eixo propulsor, não
havendo a bordo recursos para controlar o caudal.
Rumaram para a costa na direção da ilha da
Moela.
Aumentando progressivamente o volume de água
nos compartimentos de máquinas, aconteceu estancar o motor principal ficando o
barco à matroca e sendo atirado à costa, próximo de pedras, isto cerca das
00:00 horas.
Em determinado momento foi ouvida uma
explosão, apagando as luzes de bordo e irrompendo violento incêndio.
Seguiram-se explosões nos tanques de óleo
combustível.
O mestre que pela fonia já havia pedido
auxílio, determinou o abandono do barco, uma vez que, estando o mesmo com água
aberta, incendiado, às escuras e batendo contra a costa, sem possibilidade por
parte da tripulação de controlar a situação, aliado ao risco de vida pela perda
constante de flutuabilidade, seria uma temeridade a permanência a bordo.
Aproximadamente uma hora e trinta minutos
após pedir socorro, chegou auxílio, inicialmente por parte da guarnição do
farol da Moela, e, posteriormente pela guarnição do Corpo de Bombeiros de
Santos, os quais lutaram contra o fogo das 08:00 horas até às 12:00 horas do
dia vinte, quando conseguiram debelar as chamas.
Após amarrarem a embarcação sinistrada às
pedras da costa por intermédio de cabos de aço, conduziram os tripulantes para
o porto de Santos.
A embarcação foi considerada irrecuperável
quanto ao casco e duvidosa a recuperação dos motores, os quais estão submersos
(perícia de fls. 46).
Vistorias em dia.
O “OLÍMPICO” era utilizado na pesca de
arrastão lateral, estava classificado pelo Bureau Colombo, sendo o casco de
madeira, motor Atlas Imperial Diesel, deslocando máximo 627,334 toneladas e
construído em 1937 no porto de Santos.
Nos autos diversas fotografias do barco após
o acidente.
A testemunha de fls. 15 declarou que o eixo
propulsor estivera empenado, e fôra consertado recentemente pelo estaleiro
Guanabara, ocorrendo que, após o desempeno aumentou por demais a trepidação do
eixo, atribuindo esta testemunha tal fato como responsável pela água aberta,
causa remota de todos os demais eventos.
O encarregado do inquérito não apontou
responsáveis.
(…)”
(Fonte: Tribunal Marítimo, Rio de Janeiro, 30 de Julho de 1970)
(…)”
(Fonte: Tribunal Marítimo, Rio de Janeiro, 30 de Julho de 1970)
a AGROPESCA
(Meu pai almejava um dia escrever a história do que foi a sua maior realização pessoal durante o período em que residiu no Brasil. Guardou toda a documentação, mas não chegou a concretizar esse desejo. Apenas agora, após o falecimento de minha mãe, consegui recolher e ordenar todos os elementos, realizando aqui essa sua vontade. Para memória futura, aqui fica registada a história dessa empresa, necessáriamente em traços gerais, porque os pormenores apenas o meu pai podia contar.)
Em 28 de Maio de 1963, na sequência do que julgo ter sido a primeira iniciativa oficial da Firma, a Câmara Municipal de Pelotas (Estado do Rio Grande do Sul, Brasil) autorizou a utilização da aparelhagem do "Entreposto de Leite" para o fabrico de gelo.
Em 13 de Novembro de 1963, a firma “Agropesca - Indústria de Produtos Agrícolas e Pescado, Ltda” fez uma proposta de aquisição de um barco a um armador de Santos.
Em 28 de Maio de 1963, na sequência do que julgo ter sido a primeira iniciativa oficial da Firma, a Câmara Municipal de Pelotas (Estado do Rio Grande do Sul, Brasil) autorizou a utilização da aparelhagem do "Entreposto de Leite" para o fabrico de gelo.
Em 13 de Novembro de 1963, a firma “Agropesca - Indústria de Produtos Agrícolas e Pescado, Ltda” fez uma proposta de aquisição de um barco a um armador de Santos.
Em 5 de Dezembro de 1963, a firma registava, no Departamento Nacional da Propriedade Industrial, a marca “Agropesca”, sendo a publicação no Diário Oficial da União feita em 10/4/64.
Em 19 de Dezembro de 1963, o contrato social da Agropesca foi arquivado na Junta Comercial do Rio Grande do Sul, sendo sócios: José Munhoz Frade, José Gonçalves da Costa e Mário Ramos; o capital da firma era de doze milhões de cruzeiros; a empresa tinha a sede em Pelotas; destinava-se à exploração da indústria de produtos agrícolas, pescado, conservas alimentícias e fabrico de gelo.
Primeiro contrato social |
Em 29 de Fevereiro de 1964, iniciou-se a compra do barco “Olímpico”, por quinze milhões de cruzeiros.
Em 18 de Novembro de 1964 a sociedade, com o capital social de 142 milhões de cruzeiros), era constituída por: José Munhoz Frade e José Gonçalves da Costa (sócios quotistas) e António Dourado dos Santos, Dorval Gaspar e Joaquim Dias (capital de quarenta e dois milhões de cruzeiros); destinava-se à exploração da pesca marítima e venda de produto, in natura ou salgado, nos mercados consumidores do Brasil.
Segundo contrato social |
Em 2 de Fevereiro de 1965, lavrou-se a escritura de venda e compra do barco
“Olímpico".
Em 28 de Setembro de 1965 procedia-se a alteração do contrato de sociedade por quotas, retirando-se Mário Ramos e admitindo-se como novos sócios quotistas Renato Caringi de Freitas, Dorval Gaspar, Deonilda Caringi Gaspar, António Dourado dos Santos, Ofélia Alves dos Santos, Joaquim Dias, Wolny Valente Ferreira e Delmira Maria Dias Ferreira. Mantinha o objectivo de exploração da indústria da pesca, indústria e comércio de produtos agrícolas, pescado, conservas alimentícias, fabrico de gelo e ramos correlatos. O capital social passava a ser de 210 milhões de cruzeiros, assim distribuído:
Em 28 de Setembro de 1965 procedia-se a alteração do contrato de sociedade por quotas, retirando-se Mário Ramos e admitindo-se como novos sócios quotistas Renato Caringi de Freitas, Dorval Gaspar, Deonilda Caringi Gaspar, António Dourado dos Santos, Ofélia Alves dos Santos, Joaquim Dias, Wolny Valente Ferreira e Delmira Maria Dias Ferreira. Mantinha o objectivo de exploração da indústria da pesca, indústria e comércio de produtos agrícolas, pescado, conservas alimentícias, fabrico de gelo e ramos correlatos. O capital social passava a ser de 210 milhões de cruzeiros, assim distribuído:
Renato Caringi de Freitas
|
70 milhões
|
José Munhoz Frade
|
40 milhões
|
José Gonçalves da Costa
|
40 milhões
|
Dorval Gaspar
|
10 milhões
|
Deonilda Caringi Gaspar
|
10 milhões
|
António Dourado dos Santos
|
10 milhões
|
Ofélia Alves dos Santos
|
10 milhões
|
Wolny Valente Ferreira
|
9 milhões
|
Delmira Maria Dias Ferreira
|
9 milhões
|
Joaquim Dias
|
2 milhões
|
A sociedade designava como
administradores os sócios Renato Caringi de Freitas e Dorval Gaspar.
As instalações situavam-se na Margem do São Gonçalo (zona da Balsa), junto da "Cooperativa Sudeste de Carnes", onde actualmente decorrem as actividades de um Centro Tradicionalista Gaúcho.
Terceiro contrato social |
As instalações situavam-se na Margem do São Gonçalo (zona da Balsa), junto da "Cooperativa Sudeste de Carnes", onde actualmente decorrem as actividades de um Centro Tradicionalista Gaúcho.
No quadrante inferior direito da foto, distingue-se a estrutura do Corpo 4 da fábrica (parcialmente em ruína). |
PLANTA GERAL DA AGROPESCA |
O Corpo 1 era constituído por: salas de Escalagem e de Salga, Moagem e Armazém de Farinha. |
O Corpo 2 era a Fábrica de Farinhas e Óleos. |
O Corpo 3 integrava a Central de Águas, a Casa das Caldeiras, a Oficina de Ferreiro e lavabos. |
O Corpo 4 agregava Tanque de Gelo, Câmaras Frigoríficas, salas de Filetagem, Preparação e Cozedura, Sala de Autoclaves e Cravação de Latas, Sala de Expediente, Vestiário Feminino e Escritório. |
O Corpo 5 era o Armazém. |
Em 6 de Março de 1967, é celebrado com o Banco do Brasil um Contrato de Comodato.
Em 7 de Julho de 1967, Renato Caringi de Freitas transferiu 60.000 quotas para José
Munhoz Frade e José Gonçalves da Costa, em partes iguais.
Em 28 de Julho de 1967, retirou-se o sócio José Gonçalves da Costa e procedeu-se a
transferências de quotas; a sociedade manteve o capital social de 210 mil
Cruzeiros Novos, assim distribuídos:
José Munhoz Frade
|
105 mil
|
Renato Caringi de Freitas
|
15 mil
|
Dorval Gaspar
|
15 mil
|
Deonilda Caringi Gaspar
|
15 mil
|
António Dourado dos Santos
|
15 mil
|
Ofélia Alves dos Santos
|
15 mil
|
Wolny Valente Ferreira
|
13,5 mil
|
Delmira Maria Dias Ferreira
|
13,5 mil
|
Joaquim Dias
|
3 mil
|
Com esta
alteração do contrato social, ficavam como administradores os sócios José
Munhoz Frade e Renato Caringi de Freitas.
A análise contabilística da empresa efectuada em Outubro desse ano, registava um movimento de 1.088.198,25 NCR.
Em 20 de Março de 1968, os sócios Joaquim Dias, Wolny Valente Ferreira e Delmira Maria Dias Ferreira cederam a suas 30.000 quotas a José Munhoz Frade.
Em 29 de Novembro de 1968, o sócio administrador Renato Caringi de Freitas renunciou às funções de gerente, que ficaram entregues a José Munhoz Frade, a quem cedeu as suas 15.000 quotas. O balancete desse mês orçava em 940.252,51 NCR.
Quarto contrato social |
A análise contabilística da empresa efectuada em Outubro desse ano, registava um movimento de 1.088.198,25 NCR.
Em 20 de Março de 1968, os sócios Joaquim Dias, Wolny Valente Ferreira e Delmira Maria Dias Ferreira cederam a suas 30.000 quotas a José Munhoz Frade.
Em 29 de Novembro de 1968, o sócio administrador Renato Caringi de Freitas renunciou às funções de gerente, que ficaram entregues a José Munhoz Frade, a quem cedeu as suas 15.000 quotas. O balancete desse mês orçava em 940.252,51 NCR.
Em 13 de Dezembro de 1968, os sócios António Dourado dos Santos, Ofélia Alves dos Santos, Dorval Gaspar, Deonilda Caringi Gaspar cedem as respectivas quotas ao sócio José Munhoz Frade, que soma 60.000 às que detinha.
Em 19 de
Dezembro de 1968, ao largo de Santos, o barco “Olímpico” sofreu um acidente de navegação, ficando
inutilizado. Visto que o pescado era a única fonte de receita da Agropesca, o ano de 1969 foi penoso para a empresa e para o seu gerente. Logo nos meses seguintes se dirimiam questões com a banca. Eu próprio, então com quinze anos, ajudava meu pai, seja trabalhando no escritório, seja ao lado dos operários. Quando meu pai se ausentava de Pelotas, deslocando-se ao Rio de Janeiro (Planalto Hotel) para tratar de assuntos da empresa, como os relacionados com a estada do barco no estaleiro da Guanabara no mês anterior ao acidente, era comigo que os credores tratavam.
A seguradora britânica H. Clarkson & Company Limited só passado mais de um ano após o acidente, em Fevereiro
de 1970, viria a ressarcir dos prejuízos. A despesa da última e incompetente reparação do Olímpico foi liquidada em 24 de Fevereiro de 1970, já depois de termos retornado a Portugal, após o que cessaram as actividades da Agropesca.
em 1970 (com 50 anos de idade) |
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